"Se aceitarmos a premissa, com base na estética da recepção, de que o leitor é também coautor, chegou a hora de socializarmos a construção de sentidos - que nunca são dados, oferecidos - nos poemas de José Dias Egipto. Sim, caros amigos, os sentidos são sempre construídos em um processo interacional. O autor é um médico-escritor entre outros que se destacaram nas literaturas portuguesa e brasileira: Miguel Torga, Antônio Lobo Antunes, Guimarães Rosa e Pedro Nava são ilustres representantes dessa estirpe. Se aceitarmos outra premissa, a importância tanto do texto quanto do autor no processo de leitura, cabe ressaltar que o José Dias Egipto, além de médico, é filho de uma brasileira do Pará e de um médico português. Se somos produto de nossas histórias pessoais e familiares, de nossas vivências culturais, de nosso percurso sociopolítico, nossos textos refletem a trajetória que tivemos na vida. Nos textos aqui publicados, percebemos que o autor dividiu-os em três temas: o mundo, o amor e os frutos. São trinta e quatro textos assim distribuídos: quatorze, no 1º tema; nove, no 2º; onze, no 3º. È um livro de poesia. a prosa só aparece no tema mundo, no texto Manifesto Anti-Ego, cuja natureza é própria do campo argumentativo. A contundência do manifesto contrário aos que se pautam pelo narcisismo materializa-se na crítica a profissionais vaidosos e egoístas. O autor começa pelos seus pares, médicos e escritores, mas não poupa cientistas, filósofos, políticos e sacerdotes. Por todos, demonstra seu menosprezo e enaltece a cultura, a tradição e o amor.»in Prefácio, de André C.Valente"